Dentre
as atividades esportivas que acontecem no Centro de Solidariedade da Criança e
do Adolescente está o Grupo de Capoeira (manifestação popular afro-brasileira).
Proibida durante os séculos XVII e XVIII, marginalizada com amparo de
dispositivos punitivos no ano de 1888 e com a liberação de sua prática em 1932,
momento da Capoeira Regional, Capoeira como esporte na década de 30 e a criação
da Confederação de Capoeira em 1992. A Capoeira tem histórico de resistência
contra a intolerância e a falta de conhecimento daqueles que ainda criminalizam
sua prática.
No atual
contexto escolar a Capoeira traça um panorama de propostas que visavam
proporcionar uma prática emancipatória e criativa. Um modo de combater as
atividades de ginástica provindas das instituições militares, essas que
criticavam as tentativas de tornar a Capoeira em modalidade ginástica nacional.
Em 1907 é lançado a público o texto “Guia do Capoeira ou Ginástica brasileira”,
a primeira tentativa de aproximar a Capoeira da Educação Física e como atividade
de gosto popular foi uma tentativa dos militares de utilizar a Capoeira como
objeto de manipulação do sentimento de patriotismo de seus praticantes. Uma
Capoeira que contribuiria para formação cívica dos estudantes, desvinculada de
suas origens africanas e servindo de instrumento de adestramento e
condicionamento físico.
Entre
1930 e 1945 com o fim da segunda guerra mundial Getúlio Vargas libera as
manifestações populares como a Capoeira, numa tentativa desesperada de buscar
apoio contra as forças internacionais, visto que os militares forneciam café e
algodão aos alemães. Com a liberação da Capoeira Mestre Bimba cria a Luta
Regional Baiana. Mesmo com tantas mudanças no contexto sociocultural brasileira
ainda é forte o sentimento e manifestações de caráter eugenistas e higienistas
que não conseguem ser superados no contexto escolar.
Da
escola a Capoeira vai para as academias e mesmo esse deslocamento não consegue
influenciar sua prática nas aulas de educação física. Mas no contexto das
Organizações não governamentais o Capoeira encontra uma relação possível, por
sua característica de luta por direitos, espaço na sociedade, movimentos de
contracultura, hyppies e ideais de
liberdade.
No contexto diferente
do espaço da rua a Capoeira assume um desvio como manifestação popular e
expressão do sujeito. Dentro de uma instituição a Capoeira perde suas
características de manifestação popular, pois é amparada por regras, objetivos
e todo um processo burocrático. A Capoeira esporte que melhora a saúde e,
também, meio de educar crianças. O aprofundamento do conhecimento argumentando
com a cultura corporal, pois o mestre ou professor Capoeira pode realizar
conexões entre conteúdos e dialogar com a sociedade.
Mesmo com as diversas
tentativas de esportivizar a Capoeira, essa resiste e se mantem distante da
educação física escolar. A Capoeira chega mesmo a ser disciplina em alguns
cursos de graduação em Educação Física, assume caráter de luta social os
estudantes assumem o contexto de luta que mantem vários aspectos tradicionais
relacionados a questões políticas, históricas e culturais.
Na Ong CSCA a Capoeira
tem a intenção de potencializar cidadãos reflexivos, críticos e criativos que
modificarão permanentemente aspectos culturais da linguagem singular do homem
no tempo, propiciando vivências onde o corpo está mensageiro da aprendizagem.