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sexta-feira, 21 de julho de 2017

A IMPORTÂNCIA DA CAPOEIRA NO CONTEXTO DA CRIANÇA DO CSCA



Dentre as atividades esportivas que acontecem no Centro de Solidariedade da Criança e do Adolescente está o Grupo de Capoeira (manifestação popular afro-brasileira). Proibida durante os séculos XVII e XVIII, marginalizada com amparo de dispositivos punitivos no ano de 1888 e com a liberação de sua prática em 1932, momento da Capoeira Regional, Capoeira como esporte na década de 30 e a criação da Confederação de Capoeira em 1992. A Capoeira tem histórico de resistência contra a intolerância e a falta de conhecimento daqueles que ainda criminalizam sua prática.
No atual contexto escolar a Capoeira traça um panorama de propostas que visavam proporcionar uma prática emancipatória e criativa. Um modo de combater as atividades de ginástica provindas das instituições militares, essas que criticavam as tentativas de tornar a Capoeira em modalidade ginástica nacional. Em 1907 é lançado a público o texto “Guia do Capoeira ou Ginástica brasileira”, a primeira tentativa de aproximar a Capoeira da Educação Física e como atividade de gosto popular foi uma tentativa dos militares de utilizar a Capoeira como objeto de manipulação do sentimento de patriotismo de seus praticantes. Uma Capoeira que contribuiria para formação cívica dos estudantes, desvinculada de suas origens africanas e servindo de instrumento de adestramento e condicionamento físico.
Entre 1930 e 1945 com o fim da segunda guerra mundial Getúlio Vargas libera as manifestações populares como a Capoeira, numa tentativa desesperada de buscar apoio contra as forças internacionais, visto que os militares forneciam café e algodão aos alemães. Com a liberação da Capoeira Mestre Bimba cria a Luta Regional Baiana. Mesmo com tantas mudanças no contexto sociocultural brasileira ainda é forte o sentimento e manifestações de caráter eugenistas e higienistas que não conseguem ser superados no contexto escolar.
Da escola a Capoeira vai para as academias e mesmo esse deslocamento não consegue influenciar sua prática nas aulas de educação física. Mas no contexto das Organizações não governamentais o Capoeira encontra uma relação possível, por sua característica de luta por direitos, espaço na sociedade, movimentos de contracultura, hyppies e ideais de liberdade.
No contexto diferente do espaço da rua a Capoeira assume um desvio como manifestação popular e expressão do sujeito. Dentro de uma instituição a Capoeira perde suas características de manifestação popular, pois é amparada por regras, objetivos e todo um processo burocrático. A Capoeira esporte que melhora a saúde e, também, meio de educar crianças. O aprofundamento do conhecimento argumentando com a cultura corporal, pois o mestre ou professor Capoeira pode realizar conexões entre conteúdos e dialogar com a sociedade.
Mesmo com as diversas tentativas de esportivizar a Capoeira, essa resiste e se mantem distante da educação física escolar. A Capoeira chega mesmo a ser disciplina em alguns cursos de graduação em Educação Física, assume caráter de luta social os estudantes assumem o contexto de luta que mantem vários aspectos tradicionais relacionados a questões políticas, históricas e culturais.
Na Ong CSCA a Capoeira tem a intenção de potencializar cidadãos reflexivos, críticos e criativos que modificarão permanentemente aspectos culturais da linguagem singular do homem no tempo, propiciando vivências onde o corpo está mensageiro da aprendizagem.